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Por Dra. Candace Mathers, N.D.
Os frutos da romã tem sido usados ha séculos de maneira medicinal e em cerimônias em diversas culturas e tradições pelo mundo. Desde ser considerada uma fruta sagrada até se tornar uma fruta apreciada ao redor do mundo, a romã com certeza deixou sua marca.
Embora muitas pessoas só apreciem o sabor azedinho da romã, estudos sugerem que essa fruta deliciosa pode ter benefícios extraordinários para a saúde.
A romã é uma fruta selvagem que foi originalmente cultivada no oeste da Ásia, no Mediterrâneo e no Oriente Médio. Na modernidade, a romã é cultivada de forma mais ampla no mundo, incluindo locais tropicais como a África e o Oeste dos Estados Unidos.
A romã é uma fruta redonda com o exterior similar ao couro, chamado de casca. Dentro da fruta, há uma camada externa dura chamada de epicarpo e uma camada membranosa interna mais macia chamada de mesocarpo. O mesocarpo contém os arilos vermelhos e suculentos que costumam ser associados à romã. Os arilos são as cápsulas vermelhas suculentas ao redor das sementes de romã e as próprias sementes.
Culturas antigas reconhecem há milênios os benefícios da romã. A romã era utilizada como alimento e como medicamento para diversos problemas, como redução de infecções, de modo a parar a perda de sangue, para regular os movimentos intestinais e ainda para impedir o apodrecimento dos alimentos. Embora os arilos repletos de suco e as sementes sejam frequentemente os únicos componentes da romã consumidos na atualidade como alimentos, estudos sugerem que outras partes da fruta também possam ter benefícios extraordinários para a saúde.
Pesquisas mostram que os benefícios da romã para a sáude podem ser amplos, desde agir como antioxidante até promover a saúde do coração e reduzir os riscos associados à diabetes.
Doenças cardíacas são a causa principal de morte no mundo. Por isso pesquisadores e médicos costumam buscar abordagens novas e eficientes para promover a saúde do coração. Um dos benefícios da romã e do extrato de romã é que podem ajudar a promover a saúde do sistema cardiovascular.
Um estudo acompanhou participantes em hemodiálise que tomaram suco de romã ou foram colocados em um grupo controle por 8 semanas. O estudo objetivava avaliar os efeitos do suco de romã sobre o sistema cardiovascular dos participantes. Após o estudo, houve uma redução significativa na pressão arterial e nos níveis de triglicerídeos no grupo que bebeu o suco de romã, o que não foi visto no grupo controle.
Outro estudo envolvendo participantes com diabetes tipo 2 mostrou que consumir 200 mL de suco de romã por dia ao longo de seis semanas ajudou a reduzir significativamente a pressão arterial. A pressão arterial mais baixa promove a saúde do sistema cardiovascular ao reduzir o esforço que o coração precisa fazer para circular o sangue pelo corpo.
Estudos sugerem que a romã e seu extrato podem ajudar a reduzir os sintomas de osteoartrite. A osteoartrite é um problema debilitante notável por dores nas articulações, rigidez, menor mobilidade, inchaço e osteofitose. Geralmente chamada de "artrite por desgaste", estudos sugerem que a osteoartrite tem um grande componente inflamatório que contribui para um transtorno debilitante.
Um estudo laboratorial avaliou a aplicação do extrato de romã a células que demonstravam sinais de osteoartrite. O estudo demonstrou que o extrato de romã foi capaz de desacelerar os sinais de degradação das cartilagens e reduzir a inflamação.
Outros estudos demonstraram que a romã beneficia pessoas que sofrem de osteoartrite ao contribuir para uma diminuição significativa da inflamação e níveis mais baixos de dor demonstrados em uma escala visual analógica (EAV).
Outro estudo controlado por placebo envolvendo 19 mulheres que sofriam de osteoartrite demonstrou que a suplementação com romã ajudou a reduzir significativamente os níveis de inflamação no corpo.
Embora grande parte da atenção seja voltada para os deliciosos arilos, diversas moléculas e compostos bioativos podem contribuir para os benefícios gerais da romã para a saúde.
Pesquisas mostram que a romã é repleta de nutrientes como o magnésio, ômega-3 ácidos graxos e polifenois. As folhas da romã também contêm poderosos antioxidantes como a quercetina e a apigenina.
Estudos mostram que o suco de romã tem mais atividade antioxidante do que outros mais conhecidos (como chá verde e vinho tinto) devido ao seu alto conteúdo de elagitanino e antocianinas. Também já foi demonstrado que o suco de romã reduz o estresse oxidativo causado por macrófagos e reduz a produção de radicais livres.
Estudos sugerem que a romã e o extrato de romã podem beneficiar pessoas com diabetes tipo 2.
Estudos com animais demonstraram que a suplementação com extrato de romã ao longo de 10 dias diminuiu a glicose sanguínea e aumentou os níveis de insulina durante o jejum. A insulina é um hormônio que ajuda a carregar a glicose do sangue para as células para que seja usada como energia pelo corpo. Estudos em humanos demonstraram que o consumo de suco de romã não só ajudou a baixar os níveis de glicose em jejum, mas também melhorou o funcionamento das células beta. As células beta são células pancreáticas que produzem insulina e são negativamente afetadas na diabetes.
Um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo estudou os efeitos do extrato de romã em 40 pessoas com diabetes que também tiveram ataque cardíaco. Após um mês, o estudo demonstrou que o extrato de romã reduziu significativamente os níveis de glicose sanguínea após as refeições. Também houve redução no nível de glicose em jejum e no nível de hemoglobina A1C.
O excesso de peso se tornou um problema significativo de saúde pública nos últimos 50 anos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a taxa de obesidade praticamente triplicou desde a metade dos anos 70. Em 2016, 39% da população adulta no mundo estava acima do peso, com 13% das pessoas sendo classificadas como obesas. A obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal que resulta em um índice de massa corporal (IMC) maior que 30. A obesidade é ligada a diversos problemas de saúde como pressão alta, doença cardíaca, derrame, colesterol alto e aumento da mortalidade. Estudos sugerem que a romã e seu extrato podem beneficiar pessoas com problemas de excesso de peso.
Em um estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo 48 participantes acima do peso oram acompanhados por 30 dias para avaliar os efeitos do extrato de romã sobre a saúde. Após o estudo, pessoas que receberam o extrato de romã apresentaram menor glicose sanguínea, insulina, colesterol total e colesterol LDL (lipoproteínas de baixa densidade ou "colesterol ruim"). O estudo também mostrou que o extrato de romã ajudou a aumentar significativamente o colesterol HDL (lipoproteínas de alta densidade ou "colesterol bom") ao mesmo tempo em que reduziram a inflamação. Estudos laboratoriais demonstraram que o óleo de semente de romã apresenta efeitos antiobesidade, como prevenir o acúmulo de gordura nas células do fígado e agir como antioxidante.
É possível comer sementes de romã? A resposta é sim! Estudos demonstram que as sementes de romã são ricas em proteínas, vitaminas, minerais e fibras. As sementes de romã também contêm outros nutrientes saudáveis como o fitonutriente isoflavona.
O óleo de semente de romã contém gorduras polinsaturadas saudáveis para o coração, como o ácido linoleico e o ácido linolênico.
Estudos também sugerem que a semente de toranja beneficiam a saúde do intestino e a diversidade do microbioma intestinal agindo como um prebiótico para bactérias intestinais. Os prebióticos agem como fontes alimentares para bactérias intestinais que não são capazes de serem degradadas pelo sistema digestivo humano. O pó de semente de romã já foi até estudado para uso como alimento funcional em panificados como cupcakes para aumentar o conteúdo nutricional e de fibras.
Embora sejam consideradas seguras de modo geral, comer sementes de romã pode causar efeitos colaterais. Por exemplo, em uma revisão sistemática foi demonstrado que a maior parte dos efeitos colaterais ao ingerir sementes de romã foi de problemas gastrointestinais como a constipação. A revisão também mostrou que sintomas semelhantes aos de gripe e problemas no trato urinário surgiram ao consumir sementes de romã.
Estudos de caso mostraram que reações alérgicas foram o efeito colateral mais significativo das sementes de romã em pessoas alérgicas à fruta.
Os efeitos colaterais, quando presentes, costumam ocorrer devido ao consumo de grandes quantidades de semente de romã sem que o corpo tenha tempo adequado para digerí-las.
Os benefícios do extrato de romã podem ser amplos, desde agir como um poderoso antioxidante até promover a saúde do coração. Adicionar a romã à rotina pode ser importante para manter a saúde e o bem-estar em níveis ideais por anos.
Referências:
