Foi demonstrado que o consumo de fontes de flavonoide como morangos, mirtilos, maçãs, chocolate amargo e vinho tinto em estudos populacionais está associado com um risco consideravelmente reduzido de ataques cardíacos e derrames. Por exemplo, dados do Estudo da Saúde das Enfermeiras (Nurses’ Health Study - NHS) II de 93.600 mulheres demonstraram que um consumo combinado de >3 porções por semana de mirtilos e morangos foi associado com um risco reduzido de 34% de ter um ataque cardíaco em comparação àquelas que consumiam estas frutas uma vez ao mês ou menos.

Um estudo demonstra que mesmo comendo morangos liofilizados produz efeitos valiosos na redução de riscos de doenças cardíacas.

Dados de base:

Os principais benefícios do consumo de morangos e outras fontes de flavonoides na proteção contra doenças cardiovasculares (DCV) são ampliados devido aos seus efeitos que aumentam o funcionamento das células que revestem os vasos sanguíneos (células endoteliais). As células endoteliais têm um papel fundamental na regulagem do tônus e da estrutura vascular bem como na formação de inflamações e coágulos vasculares. As lesões de aterosclerose (endurecimento das artérias) começam primeiro a se desenvolver com danos às células endoteliais. Flavonoides, particularmente as do tipo proantocianidina encontradas em bagas e também aquelas encontradas em outros alimentos ricos em flavonoides demonstraram proteger e melhorar o funcionamento das células endoteliais.

Foi feito um estudo que buscou avaliar o efeito do consumo do morango no risco de doenças cardiovasculares. Voluntários saudáveis foram suplementados diariamente com 500 g de morangos (cerca de 2 xícaras e meia) por um mês. O consumo de morangos reduziu significantemente o colesterol total, o colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e os níveis de triglicerídeos (-8,78%, -13,72% e -20,80%, respectivamente) em comparação com o período de base. A suplementação com morangos também reduziu significativamente diversos marcadores de estresse oxidante. Um aumento significativo (>40%) na capacidade antioxidante total do plasma também foi observado após o consumo de morangos. Além disto, o consumo de morangos também melhorou a função plaquetária, que é um fator chave na prevenção da formação de coágulos sanguíneos que podem se quebrar e causar um ataque cardíaco, derrame ou embolia pulmonar.

Dados:

Um estudo foi desenvolvido para determinar se morangos liofilizados (FDS) melhoram os níveis de lipídios sanguíneos (colesterol e triglicerídeos) e reduz os biomarcadores de inflamação e oxidação lipídica em adultos com obesidade abdominal e lipídios séricos elevados. 

Os 60 voluntários foram designados a consumir 1 das 4 seguintes bebidas por 12 semanas: 1) dose pequena de FDS (PD-FDS; 25 g/d); 2) dose pequena de controle (PD-C); 3) alta dose de FDS (AD-FDS; 50 g/d); e 4) alta dose de controle (AD-C). As bebidas de controle foram equiparadas por calorias, fibras totais, aparência e sabor.

Os resultados indicaram uma dose-resposta para o grupo FDS conforme o grupo de alta dosagem sofreu reduções significativamente maiores no total sérico e no colesterol LDL em comparação com o grupo de baixa dosagem.

Ambas as dosagens de morangos demonstraram uma redução similar em um marcador de danos oxidantes celulares (malondialdeído sérico) em 12 semanas. Em geral, a intervenção do morango não afetou a pressão arterial, o açúcar sanguíneo, as concentrações séricas de colesterol HDL e triglicerídeos e a proteína C-reativa (um marcador de inflamação). 

Comentário:

Eu achei este estudo extremamente interessante. Anteriormente, eu revisei um estudo que demonstrou que a fibra alimentar do consumo de frutas ofereceu o maior impacto na redução de mortalidade por DCV. Um maior consumo de fibras de frutas reduziu a mortalidade por DCV em 32%. Este estudo atual sugere que o benefício pode ser uma combinação de efeitos incluindo a redução de colesterol devido aos componentes da fibra. 

A fruta fresca é obviamente a melhor escolha, mas o ponto que este estudo frisa é que mesmo ingerindo uma quantidade muito pequena de morangos secos produz uma redução relevante clinicamente em DCV.

Referências:

  1. Basu A, Betts NM, Nguyen A, et al. Freeze-dried strawberries lower serum cholesterol and lipid peroxidation in adults with abdominal adiposity and elevated serum lipids. J Nutr. 2014 Jun;144(6):830-7.